Ricardo Vasconcelos: “Somos 'underdogs', mas temos os nossos trunfos”
Seleção Nacional jogará a fase de grupos em Brno, e defrontará a actual campeã europeia Bélgica, a anfitriã Chéquia e Montenegro.
O sorteio do EuroBasket Women 2025, realizado este sábado em Atenas, na Grécia, definiu o caminho da Seleção Nacional feminina de basquetebol, que fará a sua estreia na fase final da competição no Grupo C, onde enfrentará a Bélgica, Chéquia e Montenegro.
A primeira partida da equipa das quinas será contra a Bélgica, atual campeã da Europa, num teste de fogo para as comandadas de Ricardo Vasconcelos. Portugal jogará a fase de grupos em Brno, na Chéquia, um dos quatro países anfitriões da competição, que se realiza entre 18 e 29 de junho de 2025.
Bélgica, campeã da Europa em título, é adversário mais difícil
A estreia de Portugal no torneio será contra a seleção mais forte do grupo, a Bélgica, que não só é a campeã em título, como conta com Emma Meesseman, uma das melhores jogadoras da atualidade no basquetebol europeu. A opinião é do selecionador Ricardo Vasconcelos, que falou em exclusivo para o Borracha Laranja.
“A Bélgica é a melhor equipa que vamos enfrentar. É uma equipa muito sólida, super coesa, que joga como equipa. Além disso, tem aquela que é provavelmente a melhor jogadora da Europa neste momento, a Emma Meesseman. É uma 4 com um nível muito acima da média europeia e pode muito bem ser a MVP da competição. Jogámos contra elas há três fases de qualificação, na altura da pandemia, e foram jogos muito disputados, conseguimos equilibrar bastante. No entanto, elas nunca jogaram completas – ou faltava a base titular, que é uma das melhores da Europa, ou faltava um dos seus postes dominantes. Partem como favoritas para chegar às medalhas, são campeãs europeias e têm vindo a incorporar um leque cada vez mais alargado de jogadoras, não dependendo apenas do cinco inicial. Creio que é, sem dúvida, o rival mais duro e difícil do nosso grupo.”
Chéquia: o fator casa e um jogo interior dominante
O segundo adversário de Portugal será a Chéquia, uma equipa que tem vindo a crescer após um período de transição e que se apresenta com grande ambição, ainda para mais por jogar em casa.
“A Chéquia joga em casa, é um país com muita tradição no basquetebol feminino e, apesar de ter passado por um processo de reformulação na seleção, a verdade é que a última janela de qualificação foi muito positiva. É uma equipa com muitas opções, não depende apenas de uma jogadora. Têm várias atletas que fazem 8, 9, 10 pontos por jogo. A Petra Holesinská é uma grande lançadora e a Julia Reisingerová é uma poste dominante, uma verdadeira 5. O jogo interior vai ser onde nos poderão colocar mais dificuldades e, acima de tudo, o fator casa pode beneficiá-las. Brno tem uma grande tradição no basquetebol feminino, e a seleção vai certamente contar com um pavilhão completamente cheio a apoiá-las. Para nós, isso também pode ser uma motivação extra, pois são jogos que proporcionam ambientes espetaculares. Já há muitos anos que não defrontamos a Chéquia, mas, ainda assim, considero que são, na minha opinião, a segunda equipa mais favorita do grupo.”
Montenegro: talento e irregularidade, com um fator imprevisível
Montenegro será o terceiro adversário de Portugal e apresenta-se como uma equipa com talento, mas alguma inconsistência, especialmente ao longo da fase de qualificação.
“Montenegro foi uma equipa que perdeu algumas das suas referências nos últimos anos e tem tentado colmatar essas ausências com jogadoras norte-americanas nacionalizadas. É a única equipa do grupo que pode surgir com uma nova jogadora americana. Não sabemos se vão manter a mesma da última janela ou se vão trazer uma novidade. Ainda contam com jogadoras de uma geração dourada anterior, atletas com muita experiência. Têm tradição, seguem a escola sérvia, mas o seu desempenho dependerá muito da jogadora norte-americana que apresentarem. A Milica Jovanović é uma jogadora muito importante para elas, um 4/3 muito forte no lançamento e que é capitã de equipa. No entanto, têm tido algumas dificuldades na posição de base. Nos últimos anos, não surgiu uma jogadora estável para essa posição. Montenegro teve uma fase de qualificação bastante irregular, alternando entre exibições muito boas e outras menos conseguidas. Por isso, será essencial perceber qual será a jogadora norte-americana que vão utilizar, pois normalmente têm mais do que uma nacionalizada. A partir daí, teremos de desenhar um plano de jogo para contrariar essa jogadora, que será mais dominante do que as demais.”
“Sabemos que somos underdogs, mas vamos competir de igual para igual”
Apesar de Portugal partir como a seleção teoricamente menos favorita do grupo, Ricardo Vasconcelos acredita que a equipa das quinas pode surpreender.
“Não há grupos fáceis. Chegámos às 16 melhores equipas da Europa, estávamos no último pote e sabíamos que qualquer uma das três equipas do grupo vinha de potes superiores, com melhores rankings, mais tradição e mais experiência nestes palcos. Portanto, tínhamos plena consciência de que não haveria grupos fáceis. Ainda assim, creio que não podemos dizer que nos calhou um grupo completamente impossível, onde todas as equipas são muito mais fortes. São equipas mais fortes - somos conscientes disso -, mas sabíamos ao que íamos e sabemos que temos que as afrontar olhos nos olhos. Somos a equipa com menos expectativas globais, sabemos que vamos como ‘underdogs’, mas também temos os nossos trunfos e a nossa identidade, que parte de uma boa defesa. O que mais nos preocupa neste momento é ir jogo a jogo e pensar naquilo em que podemos surpreender qualquer um dos nossos rivais. Estamos ilusionados, positivos e a saber que vamos estar num palco onde muita gente queria estar. Vamos desfrutar disso ao máximo.”
Portugal estreia-se no EuroBasket Women 2025 no dia 18 de junho, frente à Bélgica, num jogo que marcará o início da aventura da Seleção Nacional na elite do basquetebol feminino europeu.