
🏀 Análise vídeo | O novo melhor amigo de Russell Westbrook
A química com Nikola Jokić, os números surpreendentes e os passes impossíveis que definem o papel do “Mr. Triple-Double” nos Denver Nuggets.
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Donos da melhor série de vitórias nesta fase da temporada – oito triunfos seguidos –, os Denver Nuggets têm subido na classificação da Conferência Oeste e ocupam o 3.º lugar, com apenas mais uma derrota do que os Memphis Grizzlies, 2.º da tabela. Boa parte da responsabilidade pelo sucesso da equipa do Colorado é de Nikola Jokić, mas a boa forma recente de Jamal Murray e Michael Porter Jr. ajuda a justificar esta sequência vitoriosa.
Mas não só. Uma das histórias mais surpreendentes da época é o renascimento de Russell Westbrook, sobre quem escrevemos recentemente para o blog da Betano. Depois de épocas de menor fulgor e muitas críticas nas duas equipas de Los Angeles, o “Mr. Triple-Double” reencontrou a alegria de jogar em Denver, ao lado do poste sérvio.
A química entre Westbrook e Jokić tem sido um dos maiores destaques desta temporada. Ambos são reconhecidos pela visão de jogo e pela capacidade de criar oportunidades para os colegas, e a sua ligação transformou os Nuggets numa das equipas ofensivamente mais perigosas da NBA.
Como se comportam os Denver Nuggets nos minutos de Russell Westbrook? Não muito bem, na verdade. De acordo com o site Cleaning the Glass, que exclui os dados estatísticos do chamado garbage time, a equipa orientada por Mike Malone apresenta um Net Rating (diferença entre eficiência ofensiva e defensiva) de -6.4 nos minutos com “The Brodie”. Ou seja, os Nuggets sofrem mais 6.4 pontos do que marcam aos adversários por cada 100 posses de bola com Westbrook dentro das quatro linhas.
Chamamos a esta época um ano de redenção para Westbrook por uma razão clara. Se em anos anteriores ele era visto como um elemento negativo, em Denver encontrou uma fórmula que o transforma num contributo positivo. Essa fórmula? A mesma que beneficia todos os que vestem a camisola dos Nuggets: jogar ao lado de Jokić. A química entre os dois salta à vista e os números comprovam — a diferença é gritante:
Russell Westbrook em 1935 posses de bola COM Nikola Jokić: +13.3 pontos por cada 100 posses de bola
Russell Westbrook em 851 posses de bola SEM Nikola Jokić: -20.7 pontos por cada 100 posses de bola
Como escrevemos no referido artigo para o blog da Betano, “Westbrook tem brilhado em cortes e no trabalho sem bola, num papel secundário que assenta como uma luva nas características do poste sérvio”. Jokić é um dos melhores passadores da história do jogo e Westbrook, mesmo sem a explosividade dos seus melhores anos, continua a ser um dos melhores da liga a cortar para o cesto e ganhou uma motivação adicional para o fazer em Denver, por saber que, se criar uma linha de passe, o sérvio coloca-lhe a bola com conta, peso e medida.
O mais curioso no bromance entre Westbrook e Jokić é que, na ligação entre os dois, há muito mais situações em que o base serve o poste e não o contrário. É raro vermos Jokić como o destinatário final de uma jogada, sendo mais comum vê-lo como o facilitador que eleva o jogo dos colegas de equipa, mas, nos primeiros dois terços da fase regular, Westbrook fez 110 assistências para Jokić, tornando esta ligação na sexta mais profícua da liga.
E nesta relação Westbrook-Jokić, há um tipo de passe que nos tem deixado de queixo caído. Não sabemos bem como o catalogar. São passes simples, mas arriscados; são directos, mas inesperados. Feitos para uma zona de grande tráfego, quase sempre em linha recta, quando o que se pedia provavelmente seria um passe picado ou um lob.
Estes autênticos “tiros” que saem das mãos de Westbrook parecem destinados ao fracasso, a serem interceptados por um defensor ou com alta probabilidade de darem em turnover, mas do outro lado estão as melhores mãos da liga e uma awareness de quem tem um QI basquetebolístico ímpar. Só Jokić seria capaz de receber estes passes e, de jogador incompreendido, Russ transforma-se num génio por acreditar nestas linhas de passe impossíveis.
A parceria entre Westbrook e Jokić é a prova de que o base encontrou um novo papel nos Nuggets. Apesar das dificuldades da equipa sem o sérvio em campo, quando os dois estão juntos, a produção ofensiva de Denver dispara. Conseguirá o treinador Mike Malone optimizar as rotações para minimizar os momentos de fragilidade quando Jokić está fora? A resposta a essa pergunta pode ditar as aspirações da equipa na luta pelo título.